Corpo de sindicalista morto em São Paulo será enterrado em Recife (PE).

O corpo do sindicalista Afonso José da SIlva, 40, está sendo velado na sede do Sindicato dos Camelôs Independentes de São Paulo na tarde desta quinta-feira. O enterro ocorrerá na sexta (17), em Recife (PE), terra natal do sindicalista.
A programação da família de Afonso é que o velório ocorra até as 20h de hoje na sede do sindicato, na rua Brigadeiro Machado, região do Brás. O voo para Recife está marcado para as 3h30 de sexta-feira, e a previsão de chegada é para as 5h30.
Durante a a madrugada desta quinta-feira, dezenas de pessoas, entre familiares, sindicalizados e curiosos ficaram em frente à sede do sindicato. Velas foram colocadas no porta do local.
O sindicalista morreu na tarde de quarta, após levar ao menos três tiros, segundo informações prestadas pela faxineira do local à delegada Elisabete Sato, do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa). O criminoso ainda não foi identificado.
A faxineira disse à polícia que um homem invadiu a sede da entidade, no centro de SP, e atirou três ou quatro vezes em Afonso, que é presidente do sindicato.
De acordo com a polícia, a mulher é a única testemunha que estava no local. Ela, porém, disse à delegada Elisabete Sato, que não consegue identificar o autor dos disparos.
"No momento do crime, a faxineira diz ter corrido e se escondido de cabeça baixa sob algumas cadeiras", disse Sato.
Segundo o relato da testemunha, o suspeito invadiu o local, anunciou um assalto e, em seguida, deu uma gravata em Silva. Os disparos teriam sido efetuados com o sindicalista já no chão.
No momento da invasão, Silva estaria pegando roupas que estavam numa máquina de lavar nos fundos do sindicato, na rua Brigadeiro Machado, região do Brás. Enquanto a faxineira estaria se preparando para limpar o local.
A versão da faxineira é diferente da fornecida pela cunhada de Silva, ouvida no local do crime. Gorete Alves da Silva, 38, disse que, segundo parentes, três homens chegaram em motos e invadiram a sede do sindicato.
A mulher, porém, também afirma que só estavam no local o presidente do sindicato e a faxineira.
Segundo Gorete, os homens anunciaram um assalto, jogaram Silva no chão e atiraram em seguida. Aparentemente nada foi roubado, segundo a cunhada. A hipótese do assalto é considerada improvável pela polícia.
Silva chegou a ser levado para o hospital do Tatuapé, onde deu entrada às 17h10, mas não resistiu aos ferimentos, segundo a Secretaria Municipal da Saúde.
Gorete confirmou que o sindicalista recebia diversas ameaças, mas não soube precisar quando ocorreu a última. O caso foi registrado no 8º DP (Brás), mas a investigação será feita pelo DHPP.
De acordo com informações da Polícia Militar, uma pessoa acionou o telefone de emergência --190-- informando que havia uma pessoa baleada na sede do sindicato. Esta pessoa informou que poderia ter ocorrido um roubo, e que a vítima ainda respirava.
O sindicalista ficou conhecido em 1999, quando denunciou a Máfia dos Fiscais da prefeitura. No mesmo ano, foi vítima de um atentado --levou quatro tiros, em seu apartamento. Depois do atentado teve início uma "guerra" por poder e espaço entre os camelôs: ocorreram homicídios, ameaças e acusações.
Em 2006, Silva ficou mais de seis meses preso, respondendo pelos crimes de formação de quadrilha, extorsão, resistência à prisão, desacato, dano ao patrimônio público e ameaça --esta última a única acusação que lhe rendeu condenação, de seis meses. Na ocasião, ele foi preso em Vitória da Conquista (BA), dias depois de um tumulto generalizado entre policiais e camelôs do Brás.
Em 2008, o sindicato denunciou que havia um esquema de extorsão de camelôs em duas subprefeituras: Mooca, que levou 11 pessoas à prisão, e São Miguel Paulista, na zona leste.

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